Li recentemente um post que consolidou algumas percepções que tenho sobre o hábito de ganhar dinheiro. O artigo se chama Beliefs about money and selling e um dos trechos mais interessantes diz o seguinte:
A predominant mindset that often quietly sabotages us is the belief that sales and marketing is dishonest and smarmy, and that making and having money means we are greedy. Another mindset that can stem from this is feeling that we don’t deserve or should not have wealth and prosperity in our personal life or business.
Um estado mental predominante que usual e silenciosamente nos sabota é a crença de que vendas e marketing são desonestos e falsos, e que ganhar e ter dinheiro significa que somos gananciosos. Outro estado mental que pode derivar desse é o sentimento de que não merecemos ou não devemos ter riqueza e prosperidade na nossa vida pessoal ou nos negócios.
Realmente, parece ser um traço cultural — ao menos no Brasil — a ideia de que ganhar muito dinheiro é errado e que quem é rico é desonesto. Por que? O que uma coisa tem a ver com outra? Riqueza e honestidade nunca foram conceitos necessariamente excludentes.
No meio acadêmico essa crença parece ser ainda mais forte. As universidades públicas têm enorme dificuldade em captar recursos. Os caminhos oficiais são verdadeiras pistas de obstáculos burocráticos, chegando ao ponto de inviabilizar projetos devido ao tempo de tramitação para aprovação nos diversos conselhos, colegiados, órgãos e instâncias de aprovação. No centro de pesquisa onde trabalho, por exemplo, temos um projeto que está tramitando há mais de um ano e ainda não passou pela metade das instâncias decisórias. Há algum tempo, perdemos um projeto porque quando saiu a aprovação final, o órgão interessado já havia perdido o interesse e nem se lembrava de que havia esse projeto.
Talvez uma das raízes do problema esteja nas pessoas. Muita gente acredita que se alguém está ganhando dinheiro é porque outra pessoa está perdendo dinheiro. Mas isso não é verdade. Quando um empreendedor traz algo de novo ao mundo, ele não tira nada de ninguém. Ao contrário — está contribuindo para gerar mais oportunidades, mais riqueza e melhorar a vida dos outros (e também a dele). Esse modelo é conhecido por Estado Mental da Abundância e um dos seus princípios é que ter dinheiro não muda quem você é. Se sua personalidade é a de uma pessoa gentil e solidária, ter dinheiro irá amplificar essas características. Se é criativo, o dinheiro ampliará as possibilidades de exercitar a criatividade. Mas se existe desonestidade e deslealdade, eles já estavam lá antes do dinheiro chegar.
Portanto, não há problema em dizer a um empreendedor, professor, pesquisador: “tudo bem, você está fazendo alguma coisa valiosa e merece ganhar dinheiro por isso”. Essa mudança de cultura e pensamento precisa partir de cada um de nós. O que é bem feito, traz valor para a vida das pessoas e é ético e honesto, merece reconhecimento financeiro. Conforme o tamanho do benefício, esse reconhecimento pode ser milionário, sim. Por que não?